As abelhas africanas chegaram no Brasil em 1956, elas vieram com intuito de aumentar a produção melgueira no país. Porém, um ano após a introdução delas, houve um escapamento de abelhas, cerca de 26 enxames com suas respectivas rainhas. Esses enxames, cruzaram com as abelhas europeias, hibridizando-se no que conhecemos como abelhas africanizadas. Hoje, estão distribuídas ao longo do continente americano, evitando apenas locais frios e chuvosos.
Essas abelhas possuem comportamentos que as colocam como pioneiras em aumento de produtividade de mel. Isso porque, elas são rústicas, menos exigentes nos locais onde constroem seus ninhos e divide-se em novas colônias com novas rainhas até quatro vezes no ano, formando novas colmeias. Portanto a taxa de nidificação (busca de local para construção de ninhos e procura de alimento para as larvas) desses indivíduos é muito alta o que influencia diretamente na produção.
Porém, justamente os que as torna especiais é o mesmo fator que as torna extremamente perigosas. Pois, essa espécie de abelha é bem agressiva e costuma procurar abrigos em áreas urbanas. Os locais mais comuns são, forros de casas, árvores nas calçadas e paredes. O que aumenta o risco de acidentes com pessoas; principalmente as desavisadas que tentam manejá-las de forma incorreta. Levando a casos clínicos bem graves com reações que vão desde dor local até mesmo a morte.
Mas, a pergunta que fica: as abelhas africanizadas competem por recursos naturais, com as abelhas nativas? Foram realizados estudos em fragmentos de florestas e grandes matas, na Amazônia, onde os pesquisadores colocaram iscas atrativas mata adentro, a fim de verificar se as abelhas africanizadas; entrariam no estrato florestal em busca de alimentos. Porém, foram constatados que elas não entram em fragmentos de matas e nem em grandes florestas. Pois, preferem áreas abertas.
Então, como seus ancestrais, esse espécime de abelha não sobrevive em matas densas e preferem planícies secas; encontram seu local favorável, de acordo com as seguintes características: áreas desmatadas, capoeiras e áreas urbanas. Quando não conseguem encontrar nesses locais, recursos alimentares suficiente, elas migram ou reduzem a procriação de novos membros para a colmeia. Sua fonte de alimento são as flores de ervas, que geralmente não são encontradas em mata fechada. Portanto, elas não competem por recursos alimentícios com as abelhas nativas.
Referências:
Mello, Maria Helena Silva Homem de; Silva, Elisabete Aparecida da; Natal Delsio. Abelhas africanizadas em área metropolitana do Brasil: abrigos e influências climáticas. Rev Saúde Pública 2003;37(2):237-41. Disponível em:< https://www.scielo.br/j/rsp/a/fXCZgLBJSPZ4BYcSfYtsjZC/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 05 de julho de 2021.
Oliveira, Flávia Aparecida de et al. Acidente humano por picadas de abelhas africanizadas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical [online]. 2000, v. 33, n. 4 , pp. 403-405. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0037-86822000000400012>. Acesso em 05 de julho de 2021.
Oliveira, Marcio Luiz de e Cunha, Jorge Alcântra. Abelhas africanizadas Apis mellifera scutellata Lepeletier, 1836 (Hymenoptera: Apidae: Apinae) exploram recursos na floresta amazônica?. Acta Amazonica [online]. 2005, v. 35, n. 3, pp. 389-394. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0044-59672005000300013>. Acesso em 05 de julho de 2021.